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Fogo que dobrou em 11 estados e no DF; entenda origem da fumaça e causas da crise ambiental no Brasil

especialistas analisaram dados que apontam que a maioria dos focos registrados no país vem ocorrendo em áreas que não estão associadas ao desmatamento.

Por Redação em 12/09/2024 às 10:18:35

A fumaça que cobre o país vem, principalmente, de onze estados e do Distrito Federal (DF), de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O mapa do fogo mostra que, nestas unidades da federação, o total de focos de incêndio mais que dobrou entre 1º de janeiro e 10 setembro na comparação com o mesmo período do ano passado.

O fogo é usado não só para o desmatamento, mas nos processos agropecuários, como limpeza e renovação de pastos. Todos os anos, de julho a agosto, o país enfrenta a temporada do fogo, principalmente na Amazônia, o que castiga quem mora na região, que fica sufocada com a fumaça.

No entanto, este ano, a situação é diferente. Como revelou o g1, o Brasil vive uma seca nunca antes vista em sua história recente, e o fogo mais que dobrou em quase metade dos estados do país, espalhando a fumaça. Para se ter uma noção, no Sudeste, por exemplo, todos os estados mais do que dobraram os índices. (Entenda mais abaixo)

O g1 analisou dados e ouviu especialistas que explicam de onde vem a fumaça, quais as causas das crises dos incêndios. Veja abaixo um resumo da situação atual e, em seguida, a análise completa:

  • O fogo, usado principalmente no desmatamento e atividades agropecuárias, aumentou devido a uma seca histórica, que deixou a vegetação extremamente vulnerável.
  • No Sudeste e Centro-Oeste, os incêndios mais que dobraram, com em São Paulo, por exemplo, que teve um aumento de 400% nos focos de fogo.
  • Dados do Inpe mostram que na Amazônia apenas 15% dos incêndios estão ligados ao desmatamento; o restante é causado por atividades agropecuárias e condições de seca.
  • Segundo especialistas, essa fumaça vem de queimadas que se espalham além das áreas desmatadas, atingindo ecossistemas no Pantanal, no Cerrado e na Amazônia, onde os incêndios afetam vegetações nativas que não estão adaptadas ao fogo.
  • De onde vem a fumaça?

    Os especialistas explicam que todos os anos na temporada de queimadas, que acontece de julho a outubro, há fumaça na atmosfera, mas poucas vezes ela foi vista no Sudeste e no Sul, por exemplo. O Rio Grande do Sul, que não tem alto índice de fogo, teve chuva preta, resultado da fumaça sobre o estado. (Veja a imagem acima)

    ???? Segundo os dados do Inpe, a alta do índice de incêndios no país e, consequentemente, da fumaça é puxada pelas regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde todos os estados mais que dobraram os números.

    Entre 1º de janeiro e 10 setembro, os índices mostram que os focos de queimadas mais que dobraram em onze estados (ES, GO, MT, MS, MG, PA, RJ, RO, RR, SP, TO) e no Distrito Federal, em comparação com o ano passado. Há estados em que a alta é de mais de 600%.

    Em São Paulo, por exemplo, onde o céu está coberto de fumaça há quase uma semana, o fogo aumentou mais de 400%. São 6,3 mil focos de fogo esse ano (1º de janeiro e 10 setembro), contra 1,2 mil no ano passado – o que está sufocando o estado com fumaça e derrubando a qualidade e umidade do ar.

    ???? Ainda de acordo com os dados, somando os focos de incêndio ativos de todos os estados do Sudeste, o número aumentou de 4,7 mil pontos de fogo para 15,2 mil no mesmo período deste ano.

    Enquanto isso, no Centro-Oeste, a Chapada dos Veadeiros está em chamas, em Goiás, e o Pantanal tenta sobreviver a um incêndio histórico, o que faz subir os números de incêndios na região.

    Na última semana, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que o bioma pode desaparecer. No Mato Grosso do Sul, onde está parte do Pantanal, o número de focos de fogo é mais de 600% maior que no ano passado.

    O pesquisador do Inpe, Luiz Aragão, especialista em análise de carbono na atmosfera e mudanças climáticas, explica que o país vive uma crise do fogo por dois pontos:

    • Seca histórica que deixou o solo e a vegetação seca por um longo período de tempo e que se soma às altas temperaturas, tornando toda a vegetação no país vulnerável.
    • A cultura do uso do fogo na agricultura e na pecuária, alguns com autorização para isso. O problema é que, nas condições de seca, o incêndio perde o controle e atinge outras áreas. Para se ter uma noção, segundo os dados do Inpe, na Amazônia, apenas 15% de todo o fogo no país está sendo usado para desmatamento. (Entenda mais abaixo)

    Com isso, a fumaça da Amazônia se soma a outras ainda maiores e mais densas e cobre quase 60% do território nacional.

Fogo x desmatamento

Dados analisados pelo g1, disponibilizados pelo Inpe e que combinam essas informações sobre focos de queimadas com a situação de cada área, também revelam que a maioria desses focos vem ocorrendo em áreas que não estão associadas ao desmatamento.

Segundo especialistas, esse cenário é completamente diferente do que vínhamos vendo historicamente, quando a maioria dos incêndios estava ligada a áreas justamente recém-desmatadas.

Isso acontece porque as queimadas são tidas como a fase final do desmatamento: primeiro o trecho de vegetação é desmatado para só então ser "limpado" pelo fogo.

Na prática, são ecossistemas que não foram afetados pelo desmate que estão sendo encobertos pelo fogo.

Na Amazônia, por exemplo, a tendência é justamente o contrário: este ano o Inpe registrou uma queda de 45,7% do total da área desmatada entre as duas temporadas no bioma - a maior queda proporcional já registrada para o período.

Fonte: G1

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